INCLUSÃO DE PSICODRAMATISTAS PARA A PRÁTICA ON-LINE NA PANDEMIA DE COVID-19

RELATO DE EXPERIÊNCIA

INCLUSÃO DE PSICODRAMATISTAS PARA A PRÁTICA ON-LINE NA PANDEMIA DE COVID-19

Elenice A. Gomes*
Maria da Penha Nery**

Resumo

O projeto para inclusão de psicodramatistas ao universo da sociatria on-line foi oferecido durante a pandemia em 2020 e pretendeu atualizar socionomistas – dos focos clínico e sócio-educacional. Hipotetizamos que muitos psicodramatistas tinham dificuldades com a adaptação da prática on-line. A socionomia é a ciência que estuda as leis sociais, com seus métodos terapêuticos de ação. E como transpor esses métodos para o ambiente virtual? Para isso, realizamos três tipos de encontros: todos foram gravados e estão à disposição como objeto de pesquisa. O resultado desta inclusão qualificada pode ser verificado através das declarações dos participantes.

Palavras-chave: Psicodrama On-line. Inclusão digital. Socionomia. Pandemia 

INTRODUÇÃO 

A ideia do projeto de inclusão para a prática sociátrica on-line surgiu de uma angústia pessoal, depois de atendimento presencial a um grupo de terapia. Ao iniciar a Pandemia de Covid-19 em março de 2020, fomos obrigadas a passar o atendimento grupal presencial para on-line. Essa nova realidade nos impôs tantas variáveis inéditas, que precisamos refletir sobre ela. Essa angústia pessoal nos levou a trocarmos experiências. Hipotetizamos que as inseguranças e angústias desse momento poderiam ser de muitos profissionais que trabalham terapeuticamente com pessoas e grupos. Então, elaboramos o projeto de inclusão para socionomistas e estudantes de psicodrama.

A Socionomia, ciência criada por Moreno e prática essencialmente presencial até a Pandemia, é composta por três disciplinas: a Sociodinâmica, que estuda a dinâmica das relações sociais, a Sociometria, que estuda e analisa a métrica das relações sociais, e a Sociatria, que trata das relações sociais. Diante da realidade on-line imposta pela quarentena, quais revisões necessitamos realizar nas relações e para as socioterapias virtuais? Essa questão e nossas angústias diante do novo nos fizeram elaborar e realizar esse projeto, com o objetivo de incluir psicodramatistas à prática sociátrica on-line. Ele pretendeu atualizar os socionomistas para o ambiente virtual, compartilhando experiências e incluindo muitas pessoas a esse universo, novo para muitos profissionais.  

Realizamos três etapas mensais, com três tipos de encontros on-line: uma Roda de Conversa, um Aquário e um Workshop. Esses encontros foram gravados e estão disponíveis no canal do youtube do NEPSIS e podem servir como objeto de pesquisa a qualquer momento. Todos eles foram divulgados antecipadamente em mídias sociais, através de flyers e textos para divulgação. Adotamos a plataforma Zoom, comprada para tempo de uso ilimitado, comportando no máximo 100 participantes. Trabalhamos com grupos grandes, que, conforme quadro de referência de Rodrigues (2008, p. 78) vai de 30 a 300 pessoas.

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

Primeira etapa

Iniciamos o projeto pela Roda de Conversa, com duas horas de duração, para trocarmos experiências com psicodramatistas titulados, diante do desafio que nos foi imposto de trabalharmos com nossos clientes e grupos à distância. E a realizamos em julho de 2020, com o título: “Psicodrama com grupos on-line: desafios e aprendizados”. Para essa roda, convidamos ilustres colegas psicodramatistas experientes e Didatas Supervisores da FEBRAP (Federação Brasileira de Psicodrama): Graça Carvalho Campos, Heloisa Fleury, Maria Célia Malaquias e Sérgio Perazzo. A participação foi gratuita, mas pedimos que as pessoas se inscrevessem via whatsapp, pois optamos por fazer o evento para um grupo fechado, por medidas de segurança. Encerrado o prazo de inscrições, compusemos uma lista de transmissão pelo whatsapp e enviamos o link para a entrada na plataforma por essa lista. Ficamos surpresas com a demanda inicial: tivemos em torno de 70 psicodramatistas titulados de todo o Brasil participando dessa grande roda. Essa quantidade de profissionais e seus sofrimentos nesse momento, comprovaram nossa hipótese de que muitos colegas estavam com necessidade de realizarem trocas e estudos sobre psicodrama on-line. Então, essa atividade se iniciou com duas questões provocativas: 

1) Ainda somos os mesmos nesses novos tempos? 

2) Como sobreviveremos a essa nova realidade pandêmica?

Nossos convidados tiveram de cinco a seis minutos para fazerem suas colocações a partir das perguntas iniciais e depois abrimos a conversa à plateia.  As inquietações eram múltiplas e semelhantes: angústias, ansiedades, incertezas e apreensões. Destaque especial para a fala emocionada e tocante do colega Pedro Mascarenhas acerca do Psicodrama Público que acontecia de forma presencial no Centro Cultural São Paulo e que havia paralisado suas atividades: “em meio à pandemia, alguns usuários do projeto que acontecia presencialmente chamaram os profissionais que coordenavam esse Psicodrama Público para dirigirem os encontros on-line”. E assim nasceu o Psicodrama Público On-line, desdobrado do projeto do Psicodrama Público do Centro Cultural São Paulo.

Da plateia, houve indagações sobre o manejo técnico de construção de cenas com o psicodrama on-line.

Segunda etapa

Impulsionadas e motivadas, demos continuidade ao projeto. Propusemos uma segunda atividade no mês seguinte, agosto, com duas horas de duração, em formato de Aquário, recriado a partir de sua forma original, que para Almeida (1999) é: “um grupo de especialistas fala sobre uma proposição, cada qual com seu olhar técnico ou doutrinário. Os debates ficam restritos aos participantes da mesa, dirigidos por um coordenador (…) sem a participação da plateia” (p. 197). No nosso evento, porém, houve a participação da plateia.

Confirmando mais uma vez nossa hipótese sobre a necessidade da atualização, inclusão e compartilhamento de experiências, tivemos 100 participantes, agora permitindo a entrada de estudantes de psicodrama, esgotando as vagas para a nossa plataforma. Cobramos pelo evento um valor acessível, que foi igualmente dividido entre diretores e ego tecnológico.

Decidimos tratar do tema: “Montagem das cenas e dramatizações on-line”, aceitando o desafio do primeiro evento. Dessa vez optamos por um trabalho com quatro diretores de psicodrama no centro do Aquário virtual: nós autoras, Graça Carvalho Campos e Sérgio Perazzo. Tivemos ainda Fernando Colus como nosso Ego Tecnológico. Diretor e Ego-auxiliar são dois dos cinco instrumentos do Psicodrama; os outros três são: protagonista, palco e plateia. Cukier (2002) nos diz que o diretor psicodramático tem como uma de suas funções ser um analista social. O Ego Tecnológico é o especialista em plataforma virtual, que tem a função de auxiliar tecnologicamente com os atendimentos on-line. É uma expressão recriada a partir do conceito de Ego-auxiliar, que é o terapeuta ou membro do grupo que atua como extensão do ego de um protagonista ou do paciente que está sendo trabalhado nos métodos de ação. 

Cada um de nós diretores, em aquecimento mental, abordou, perante a plateia, um aspecto da socionomia feita virtualmente. Compartilhamos nossas preocupações quanto a intrusões de estranhos. Fizemos uma abordagem sobre a Ética, que consideramos imprescindível para o nosso trabalho com pessoas e grupos, sendo feita a leitura por uma das autoras, do texto que segue:

“Passados já quase cinco meses do início da Pandemia, e hoje com 100 mil mortes, creio que seja hora de considerarmos essa forma de trabalho on-line como algo que veio para ficar. Vou repetir: estamos tratando agora de trabalho on-line, porque tenho uma clínica social, onde atendemos a preços mais acessíveis e, também gratuitamente e o atendimento é à população de baixa renda; por este motivo, ele continua presencial, seguindo os protocolos sanitários. Insistimos: é importante quebrarmos resistências e termos melhores ferramentas de trabalho, já que estamos vivendo essa transição planetária. Sugerimos o uso de notebooks ou computadores, pois possibilita uma melhor utilização das plataformas disponíveis. O celular, além de ser mais limitante, sofre interferências de chamadas telefônicas e entradas de mensagens de whatsapp. Existem algumas plataformas gratuitas, outras são pagas. O mercado está repleto delas, é só fazermos nossas escolhas.

Isso nos remete ao campo da Ética, no atendimento a pessoas e grupos, pois eu tive algumas inquietações no início da quarentena. Quando passei os atendimentos do presencial para on-line, tivemos alguns episódios constrangedores aos grupos. Por este motivo, acredito que temos que ir nos adaptando e, pacientemente, precisamos repactuar novas formas de nos portarmos.  Um dos episódios, já mencionado no último evento, e outro foi quando tentamos fazer um aquecimento inespecífico em uma das sessões, utilizando iniciadores corporais. Assim que propus isso ao grupo, um dos participantes caiu na gargalhada. Eu perguntei o que houve; constrangida, essa pessoa disse que não tinha condições de se colocar de pé diante da tela, pela maneira que ela estava trajada. 

O resguardo de todos nós num ambiente privativo e, também o uso de fones de ouvido, por exemplo, pode nos garantir o compromisso do sigilo e confidencialidade, importantíssimo na terapia. Além do que, preservamos melhor nossa dignidade.

Passando rapidamente por alguns filósofos, como Aristóteles, ele diz: o homem é um animal político. Epicuro já afirma que a finalidade da ética é propiciar felicidade aos seres humanos. Para Kant, ética é a obrigação de agir de acordo com as regras universais. Na contemporaneidade, podemos dizer que a ética precisa contemplar a subjetividade dos sujeitos, suas relações com a natureza e onde seja valorizada a relação humana em sociedade. Repetindo: PRECISAMOS VALORIZAR A RELAÇÃO HUMANA EM SOCIEDADE.

Moreno, sempre atual e apoiado no hassidismo, na introdução de seu livro Psicoterapia de Grupo, afirma que ‘o ser humano é mais que um ser psicológico, biológico e natural; ele é um ser cósmico. Ou ele é também responsável por todo o universo, por todas as formas do ser e por todos os valores, ou sua responsabilidade não significa absolutamente nada. A existência do universo é importante, é realmente a única existência significativa; é mais importante que a vida e a morte do homem como indivíduo, como tipo de civilização, como espécie’ (p 15).

Em tempos de Pandemia, a importância do coletivo fica exponencialmente evidenciada para nós. A utopia moreniana de trabalhar com indivíduos e grupos, até que seja alcançada toda humanidade, se faz necessária mais do que nunca.

Nessa nossa nova realidade, o trabalho on-line então se impôs, não é mais uma opção nossa. É necessário desenvolvermos a ÉTICA, não apenas para nós, socionomistas, mas também para todos os participantes do processo de autoconhecimento e evolução pessoal e relacional.

Wilson Almeida no livro Moreno: encontro existencial com as psicoterapias, afirma que: ‘… a ética … deverá estar sempre em movimento espontâneo e numa dinâmica criadora, superando o binômio permissão-interdição…’ (p 72).

Finalizando, na abertura virtual do 22º CBP em junho desse ano também, Bustos disse que as sessões se tornaram mais informais agora. Concordo, embora não possamos confundir informalidade com impedimento. Nosso método é de ação, não podemos nos esquecer. Graças às nossas centelhas divinas, podemos sempre nos reorientar, nos reinventar. Mas nossa reconstrução passa sempre pelo coletivo”.

Adaptando a atividade Aquário para o virtual, constituímos salas de trabalho (ou breakout rooms – ferramenta da plataforma Zoom), dividindo esse plenário de 100 participantes em subgrupos de 25 pessoas. Ficamos, cada um de nós diretores, em cada sala, encaminhando os subgrupos para a escolha de um desses caminhos: aprofundar o debate a partir do que foi falado no centro do Aquário e trazer o resultado para a plenária depois, e o outro caminho, mais prático: demonstrar como trabalhar uma cena escolhida pelo grupo.

Assim, no subgrupo dirigido por Elenice Gomes, foi sugerido que os participantes fizessem apresentações individuais como aquecimento inespecífico. Essa é a primeira etapa de uma dramatização, que consta de outras três: aquecimento específico, dramatização propriamente dita e compartilhamento. Como aquecimento específico, uma das participantes, compartilhando sua angústia ao trabalhar on-line com um grupo de terapia, perguntou a um colega como era o trabalho de psicodrama minimalista ao qual ele havia se referido na sua própria apresentação. O colega aqueceu a protagonista com essa demonstração, onde ela trouxe uma cena de dança de tango dela com suas pacientes de grupo. A diretora pediu então à protagonista que escolhesse no grupo quatro pessoas com as quais ela poderia dançar o seu tango terapêutico. Para destacar o palco da plateia na tela Zoom, foi solicitado que somente a protagonista e suas coadjuvantes em cena ficassem com suas câmeras e áudios abertos, assim como a direção; os demais participantes deveriam fechar suas câmeras e áudios. Essa movimentação permitiu a diferenciação entre palco e plateia. Duas pessoas destoavam sua dança da protagonista, o que a incomodou, enquanto as outras duas acompanhavam seu ritmo. E a cena detectou exatamente o que ela disse que se passava no seu setting terapêutico: havia uma desconexão intragrupo. Foi feito o compartilhamento no subgrupo, onde uma pessoa disse se sentir aliviada e agradecida pelo aprendizado, pois desde que começara a pandemia, ainda não havia conseguido se levantar da cadeira em seus atendimentos on-line. 

No subgrupo da diretora Penha Nery, os participantes se aqueceram compartilhando os sentimentos relativos ao trabalho on-line. Alguns sentimentos protagônicos surgiram: medo de errar, ansiedade e autocobrança. Foi pedido que pessoas se candidatassem para desempenhar esses sentimentos, como personagens que iriam interagir com a plateia. Foram dados os scripts dos personagens. Foi feita a montagem da cena on-line, com a interação entre os personagens, e entre personagens e plateia. No auge do drama, a diretora pediu para a plateia entrar com outros personagens: surgiram “força”, “grupo” e “aprendizado”. E dialogaram, fazendo o contraponto com os personagens que causavam sofrimento. Foram realizadas inversões de papeis e duplos, duas das três técnicas fundamentais do psicodrama. O grupo observou a importância da função ego-auxiliar do diretor para a manutenção do aquecimento e para o envolvimento com confiança de todos. 

Terceira etapa

Seguimos com um Workshop, realizado em setembro do mesmo ano, agora com três horas de duração, com o título: “Métodos de ação On-line: Teorias e Práticas”. Ainda segundo Almeida (1999), a atividade Workshop “é a troca de experiências que permite treinamento em torno de uma teoria, de uma técnica ou de um método, ocupando espaço de tempo relativamente longo…” (p. 98).

Adaptando esta atividade do presencial e original também, seguimos tecendo novas redes sociométricas, dessa vez incluindo Aline Belém, psicodramatista didata, como uma das direções do nosso evento, além de nós e Perazzo. A divulgação dessa atividade seguiu os mesmos padrões da anterior, também com cobrança de ingressos, agora com preços maiores do que o anterior. A pretensão era de que, no mínimo, todos nós dominássemos algumas ferramentas básicas da plataforma Zoom no “aqui e agora”, porque ela foi oficializada pelo 22º Congresso Brasileiro de Psicodrama (CBP), realizado bianualmente pela FEBRAP.

Insistimos nas instruções sobre o uso do áudio e vídeo, assim como nas ferramentas denominadas speaker view e gallery view, onde podemos destacar a imagem de quem fala ou visualizar a galeria de 25 janelas, no mínimo, em cada tela que se apresenta nos computadores ou notebooks. Essas quatro ferramentas nos facilitam muito a transposição do psicodrama presencial para o virtual, nos possibilitando movimentações para os nossos métodos de ação.

Iniciamos com um Sociodrama on-line de integração, a título de aquecimento grupal, sob direção de Elenice Gomes, definindo o perfil do grupo, agora em torno de 50 pessoas. Entendemos o Sociodrama como um método de ação que trata de relações intergrupais e de ideologias coletivas (Cukier, 2002). Assim aconteceu:  abriam as câmeras quem era estudante de psicodrama e quem já era titulado, fechava. Depois invertemos. Na sequência, abria a câmera quem era do foco psicoterápico e fechava quem era do sócio-educacional. E vice-versa. Por fim, aglutinados em grupos por unidades da federação em número de onze, pedimos que cada um se apresentasse dentro desse subgrupo dizendo a qual federada pertencia e o subgrupo produzia coletivamente um verso musical ou poético que pudesse representar seu estado. Estiveram presentes pessoas dos seguintes estados: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. 

Aline Belém assumiu a direção em seguida, dirigindo outro Sociodrama, após seu aquecimento específico para o momento histórico vivido por todos nós, trabalhando as emoções do grupo todo diante da nossa realidade pandêmica. Espontânea e voluntariamente, as pessoas iam se reapresentando, renomeadas – outra ferramenta da plataforma – por seu sentimento e/ou emoção predominante durante a pandemia. Aline foi aglutinando os renomes por afinidade, demonstrando a sociometria do grupo com o compartilhamento deste momento especial.

Depois de um intervalo de dez minutos, Sérgio Perazzo dirigiu um psicodrama, tendo como ponto de partida os sociodramas anteriores, onde houve muita produção artística, musical e poética, embalada por sentimentos emergidos no trabalho dirigido por Aline. Perazzo solicitou às pessoas do grupo que buscassem dentro de si alguma música ou poema que fosse significativo para o momento e para quem cada pessoa ofereceria seu verso. Foram várias manifestações dirigidas a maridos, esposas, mães, pais, filhos e filhas. A carga emocional foi forte e a estética socioafetiva revelou a riqueza grupal daquele momento.

Para finalizar a atividade, Penha Nery fez um Sociodrama de encerramento, articulando todo o vivenciado anteriormente, privilegiando o compartilhamento geral do evento. Criatividade e Espontaneidade são pilares teóricos fundamentais da Socionomia, na qual entendemos cada uma como categoria diferente; podemos dizer que a criatividade é a arquissubstância, enquanto a espontaneidade é o arquicatalisador (Cukier, 2002).

CONCLUSÃO

Foi de uma riqueza inominável a evolução do projeto. Nos surpreendíamos a cada etapa com a quantidade e a qualidade das adesões. Ao confirmarmos nossa hipótese no início, de que havia uma angústia generalizada para desenvolvermos nosso trabalho de forma remota, nos entusiasmamos a seguir nosso roteiro. Muito motivadas por colegas psicodramatistas titulados na primeira etapa, fomos coconstruindo um caminho de aprendizado coletivo, compartilhando saberes entre gerações analógicas e nativos digitais.

Avançando para a segunda etapa, identificamos uma maior participação de profissionais titulados do que de estudantes. Obtínhamos essa informação através do formulário oferecido pelo Google, no qual pedíamos às pessoas que preenchessem ao se inscreverem para os eventos. Observamos que, de um evento para o outro, crescia a capacidade das pessoas de operarem a plataforma, o que facilitava cada vez mais o nosso trabalho. Percebemos que uma ou outra pessoa resistia, por exemplo, não usando a plataforma virtual ou os dispositivos conforme combinado; ou não conseguia fazer sua própria inclusão à prática on-line, precisando recorrer a alguma ajuda nossa.

Concluimos que trabalhar virtualmente com psicodrama requer muita dose de criatividade e disponibilidade, pois o trabalho presencial é insubstituível na sua inteireza. Há aspectos tecnológicos que fogem da nossa alçada, como por exemplo a estabilidade da rede de internet e manutenção constante da rede elétrica para o funcionamento de tantos aparelhos simultaneamente. O ano de 2020 é, sem dúvida, um marco histórico na vida da humanidade e de nosso trabalho enquanto socionomistas.

Referências Bibliográficas

  1. Almeida, W. C. (org.) in Grupos: a proposta do Psicodrama – Procedimentos grupais para usos didático e operativo – São Paulo: Ágora, 1999.
  2. Cukier, R – Palavras de Jacob Levy Moreno: vocabulário de citações do psicodrama, da psicoterapia de grupo, do sociodrama e da Sociometria – São Paulo: Ágora, 2002.
  3. Moreno, J. L. – Psicoterapia de grupo e psicodrama – Trad. Dr. Antônio C. Mazzaroto Cesarino Filho – Campinas/SP: Editorial Psy, 1993.
  4. Rodrigues, R. (2008). Quadro de referência para intervenções grupais: psicossociodramáticas. Revista Brasileira de Psicodrama, 16(1), 75-90.
*Elenice Gomes. Psicodramatista didata supervisora pela FEBRAP, Mestra em Psicologia Social pela USP, Terapeuta familiar sistêmica pela UNIFESP, coordenadora do NEPSIS Ribeirão Preto/SP, situado à rua Garibaldi, 3190. Fone: (16) 3911-5038 e celular: (16) 99761-7907.
**Penha Nery. Doutora em Psicologia pela UnB, Psicodramatista didata supervisora pela FEBRAP. SQSW 300, bloco M, Ap. 502, Bairro Sudoeste, Brasília/DF. Celular: (61) 99981-3929.

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